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José Fanha”O dia em que a barriga rebentou”

Gosto de ir ver o mar, molhar as mãos no mar e meter o nariz debaixo de água. Apanho cada pirolito! Mas gosto, mesmo assim. O meu mar é azul e quando o vejo, fico feliz com o coração cheio de azul por todos os lados. Os mares são diferentes uns dos outros. Há mares sossegadinhos, mares furiosos, mares gelados, mares cheios de peixe, estrelas e corais, mares onde nadam tartarugas gigantes, mares onde vivem baleias e golfinhos, mares que são baixinhos onde podemos andar e andar sem nunca perdermos o pé, mares que são muito fundos, tão fundos que vão quase até ao fundo da terra …

José Fanha”O dia em que o mar desapareceu”

Mas hoje venho falar de uns passarocos terríveis. Já os conhecem, se calhar. São os pássaros Bisnaus.Uns grandes maraus, porcalhões e muitíssimos comilões. Não têm educação nem querem ter. Não querem pensar nem saber. […]Gostavam de tudo o que fazia mal e comiam em grandes quantidades: eram fritos e guisados muitíssimo apimentados enchidos e refogados molhos muito gordurentos, farináceos farinheirosas carnes muito salgadas batatas e batatadas cobertas de bechamel e para matar a fraqueza que a barriguita sentia vinham doces sobremesas verdadeiras sinfonias de pastéis e de queijadas ovos moles às colheradas a pingar para a camisola mais os bolinhos de mel refrigerantes e colas aos litros e às litradas e ficavam tanto tempo mas tanto tempo a comerque ao acabar de almoçarjá se estavam a lamberera hora de lancharvinha o pão com marmelada dez carcaças pelo menos seis pacotes de bolachas e era assim, mas sempre assim todo o dia e toda a noite toda a noite e todo o dia fosse chuva ou fosse vento esta família comia e aspirava e sorvia sem descansar um momento!

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